quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

IT'S RAINING MAN?!?!?


SOBRA HOMEM NO MERCADO
"Mariana é nome de menina que nasceu no final dos anos 70. O que tem de Mariana com 20 e poucos, hoje em dia, não é brincadeira. As Marianas são mulheres jovens, bonitas, charmosas, simpáticas e solteiríssimas.
Pois fui almoçar com a Mariana, que eu não via há quatro anos. Ela continua jovem. E solteira. Mas em vias de reverter o quadro.
_Conheci o Antônio no Mercado!
Não entendi nada. Primeiro, que Mariana casar com Antônio já é de estranhar. Mariana casa com Marcelo, Guilherme. No máximo, Mauricio. Esse Antonio tá me cheirando a coisa mais antiga.
_ Antigo, coisa nenhuma! O Antônio vai fazer 41 anos no mês que vem. Estou com 27 anos, olha aí, não dá nem 15 anos...
_ E conheceu o quarentão onde, mesmo?
_ O Antônio é um guri! De mais a mais, hoje em dia não dá para ficar escolhendo muito, não.
A Mariana diz que homem é peça rara no mundo atual. Até os 20 anos, ela me conta, em uma festa só. Saía, beijava na boca, e achava tudo uma maravilha.
Não se preocupava com os Marcelos, nem com os Guilhermes, que dirá com os Maurícios. Esnobava todos.
Só que, depois dos 20, a coisa foi ficando feia. Meia dúzia de Marcelos virou Marcelas. Os Guilhermes foram encontrando as suas Cìntias, os Maurícios, casaram-se com as suas Patrícias. E a Mariana foi sentindo que alguma coisa estava mudando. Para pior.
- Menina, nos últimos anos, é um tal de salve-se-quem-puder.
Quando cheguei aos 23, depois de muito relutar, resolvi partir para uma pesquisa mais profissional. Encarei o assunto com seriedade. Levei quatro anos, catalogando daqui, experimentando dali, mas valeu a pena: finalmente, achei o Antônio!
Quando perguntei que tipo da pesquisa ela havia feito, não acreditei no relato quase científico que a Mariana me fez. Não era brincadeira; ela tinha se tornado uma expert no assunto.
Quatro anos depois de entrar no mundo profissional da garimpagem de homens disponíveis minha amiga concluiu a frase irônica que define, afinal de contas, onde é que eles estão: Sobra homem no mercado. Ela vai lançar um livro com esse título, inclusive.
Milhares de Marianas vão comprar o livrinho da minha Mariana, e descobrirão, como eu descobri, que a mina de ouro está no mercado. O super. Mais precisamente, na prateleira dos congelados.
_ È verdade! Conheci o Antônio nos congelados. Antigamente, eu me arrumava toda, e saía à noite. Tolice! Coisa de gente que não entende nada do assunto. Amadorismo! Assim que me profissionalizei, descobri o óbvio: eles estão na prateleira dos congelados. Estão, todos ali, disponíveis. Homens solteiros, homens separados, amantes do microondas, afogando suas mágoas solitárias numa lasanha à bolonhesa...Nada pode ser mais romântico.
Realmente, a Mariana vê romantismo numa lasanha congelada. E vai publicar conselhos quentíssimos para as amigas que procuram um parceiro. Coisas do tipo: passe um batom, tome uma vitamina C (para evitar o resfriado), fique horas desfilando diante das portas mais geladas dos supermercados.
Cedo ou tarde, aparece um Antônio, apressado, que vai empilhar nos braços algumas dúzias de lasanhas; aí, é só esbarrar nele. Sim, também você não vai esperar que o Antônio olhe para os lados, né?
Antônio, o nome já diz, é um sujeito extremamente compromissado e afoito. Cabe à Mariana, portanto, derrubar as lasanhas dele no chão. Depois disso, é só correr para o abraço.
Mas como é que você consegue escolher o Antônio só pelo sabor da lasanha?
_ Ah, minha filha, hoje em dia, não se pode querer escolher muito, não! Se ficar com frescura, vai lá outra Mariana e derruba as lasanhas do partidão. O negócio é ser rápido.
_ Sim, mas... Algum critério, você tem que ter! Pelo amor de Deus! Não acredito que você possa escolher o marido, assim, no corredor do supermercado, sem critério algum. Nenhuma exigência?
_ Vai por mim, amiga: com o meu tempo de serviço, já aprendi que exigência é meio caminho andado para a solteirice crônica. Claro, ninguém é de ferro. Uma exigência eu tenho, confesso. Mas só uma! Qual?
_ Não falar ‘menas’. Se falar ‘menas’, eu sinto muito; pode ser a melhor lasanha do freezer, que eu não encaro.
_ E ‘a nível de’, pode?
_ Esta é a segunda exigência. Abro uma exceção: se falar ‘a nível de’, só se for a nível de sexo. “Mais que isso, nem pensar.”
Mariana Carrilho

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